Você conhece a nova dança do momento? Como dizia Lavoisier, “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E o pagode baiano comprova essa afirmação. Já se passaram 30 anos desde o começo do gênero com o surgimento da banda “É o Tchan” e a dança foi um dos pontos que mais se modificaram ao decorrer da história desse movimento. As coreografias ensaiadas do É o Tchan passaram para a famosa swingueira da primeira década dos anos 2000 e chegou ao mais novo hit do momento, o Naipe Baiano.
A dança consiste no movimento dos braços e pernas em um ritmo específico e um tanto minimalista e conquistou as redes sociais com a ajuda de figuras públicas como Belle Daltro, Ludmilla, Léo Santana e até mesmo a boxeadora Beatriz Ferreira. A música pode variar entre os sucessos mais recentes do gênero, presentes nos “Bloquinhos”, compilação de músicas semelhante ao Pout-Pourri, de bandas de pagode como O Maridão, Oh Malvadãoo, Ah Chapa e Black Style.
Ao Bahia Notícias, o vocalista da banda Ah Chapa, Alexsandro Aragão, mais conhecido como Lekinho, dono do hit “Bloquinho do Putetê 4.0”, explicou como a tendência surgiu para a banda. “Quando a gente vai gravar uma música, a gente vê o que está rolando no Instagram e tava essa conversa de Naipe, mas estava bem no início, não estava como agora. Estava bem pouco”, contou.
“Esse naipe é a dancinha da época. No caso, essa dancinha de botar a mão no queixo, ficar levantando a perna, levantando a outra, na batida da música”, descreveu Lekinho. O cantor explicou que a produção musical da banda é através das principais tendências das redes. “A gente vê a galera comentando e monta as músicas com base no que a galera vai curtindo no Instagram”.
A dança furou a bolha soteropolitana com Belle Daltro, que tem mais de 1,8 milhão de seguidores no TikTok e chegou em influenciadores nacionais como Alvaro, que acumula 14 milhões de seguidores em seu perfil do Instagram, e Mari Menezes, com mais de 4,3 mil seguidores.
Para se ter uma ideia, a plataforma chinesa indica um aumento nas buscas pelo termo “Naipe Baiano – Dancinha”, “Batalha de Naipe Baiano”, “É O Naipe, É O Naipe – Trend” nos últimos meses.
Ao Bahia Notícias, o comediante e produtor de conteúdo para as redes sociais Leozito Rocha celebrou a ascensão do pagode através do naipe e dos vídeos sobre o “molho” que só o baiano consegue ter.
“Eu acho que demorou bastante para viralizar. O pagode teve uma ascensão muito grande lá atrás em um outro momento quando a TV ditava a moda, mas as redes sociais vieram para expandir ainda mais o pagode da gente aqui”, contou.
No Google, a plataforma indica um aumento de 950% na busca pelo termo “naipe baiano” nos últimos 90 dias, tendo, além da Bahia, outros quatro estados no Nordeste como os interessados no assunto: Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Maranhão. Entre os assuntos relacionados estão ainda os termos Música e Dança.
O sucesso do naipe foi tanto que a dancinha despretensiosa chegou ao nível de profissionalização. Em julho deste ano ocorreu a primeira edição do concurso de Naipe Baiano, o X1 de Naipe. Organizado por Henrique Leite e Ícaro Menezes, a competição, com prêmios em dinheiro, teve trechos que viralizaram nas redes sociais e cativaram o público.
A primeira edição do projeto contou com 12 participantes mostrando seu talento em um espaço ao ar livre, em Lauro de Freitas. Na segunda edição, cerca de 16 participantes concorreram ao prêmio principal de R$ 500.
Pagodeiro nato, Leozito acredita que, através das trends, não só ele como outros criadores de conteúdos conseguem levar a Bahia para o Brasil e para o mundo, além de mostrar originalidade e a identidade do estado.
“Eu fico feliz porque todos os conteúdos que faço e que eu posso trazer um pouco do pagode, da nossa essência, eu coloco. Sempre firmei isso, de poder levar a nossa representatividade até para as publicidades. Eu sou pagodeiro, fui criado na Liberdade, sou músico também, então, o pagode está na veia e tudo que eu puder fazer para levar nosso pagode, para representar, eu vou fazer.”
Para além das redes sociais, Lekinho acredita que as tendências também começam nas ruas. Ao BN, ele explicou que costuma ir para paredões a fim de entender o que está acontecendo entre a comunidade. “Tem que andar na favela nos bairros para poder ver como é”, confessou. Segundo Lekinho, a maneira como a comunidade fala o ajuda na criação de novos “bloquinhos”.
Fonte Bahia Notícia