

A coluna Feira em História, assinada pelo jornalista Zadir Marques Porto, traz fatos históricos e curiosos sobre a cidade
Hoje, quase todas as emissoras de rádio do país operam na Frequência Modulada, sistema considerado ideal por uma série de razões de natureza técnica. No Brasil, o sistema começou a ser utilizado no final da década de 1950, em São Paulo, mas a primeira emissora FM comercial surgiu no Rio de Janeiro na década de 1960. Em Feira de Santana, a FM MF, hoje Princesa, foi a primeira, em 1978, portanto, há 47 anos.
Uma das oito emissoras de rádio da cidade, a Princesa FM é a mais antiga a operar na Frequência Modulada, já que as outras seis surgiram como emissoras de Onda Média (OM), sistema depois classificado como Amplitude Modulada (AM) e, por fim, FM. Entre as emissoras de rádio aqui existentes, a Subaé continua como AM. Inaugurada em 1978 como MF (Mascarenhas & Falcão), a emissora foi a primeira FM do interior da Bahia e a quarta do estado, que já contava, na época, com três congêneres em Salvador: Itapoã, que foi a primeira, depois Jornal do Brasil (Rádio Cidade) e a FM Aratu.
A Rádio MF, que nasceu de uma sociedade entre os empresários e amigos José Olympio Mascarenhas e Alfredo Muller Falcão – daí as iniciais MF (Mascarenhas e Falcão) – tem uma história interessante a partir da concepção do transmissor estéreo da emissora, que foi autenticamente feirense, construído pelo engenheiro Drance Amorim. Na verdade, foi o primeiro equipamento do gênero produzido na América Latina, o que valorizou sobremaneira a instalação da rádio, que, na época, podia se dizer “uma emissora cem por cento feirense”. Outro item importante foi a programação musical, similar à que era apresentada pela Rádio Carioca de Feira.
Foto: Nivaldo Cruz
Ouvinte da Rádio Carioca, que pertencia à Organização Radinterior, do empresário carioca Alceu Nunes Fonseca e amigo pessoal do diretor da empresa, Sidney Costa Miranda, José Olympio, que estava sempre em conversa com ele, adotou programação similar à dessa emissora, inaugurada em 1986, que era absolutamente diferente das duas outras existentes na cidade: a Rádio Sociedade, fundada em 1948, e a Rádio Cultura, fundada dois anos depois, em 1950.
A Carioca priorizava a hora certa, praticamente de quatro em quatro minutos, de forma clara, com sinal/chamada exclusivo, uma música e dois comerciais com locutores de voz grave e modulada. Esse padrão (música, hora certa e notícia) jamais havia sido usado entre as emissoras baianas e teve muito de sua essência utilizada inicialmente pela FM/MF (Mascarenhas/Falcão).
No final do mesmo ano (outubro de 1978), Feira de Santana passava a contar com a segunda emissora do gênero, a Nordeste FM, numa iniciativa do empresário Modezil Cerqueira. A Antares, surgida mediante o idealismo do professor Augusto César Orrico, foi a terceira emissora de Frequência Modulada de Feira de Santana, e a Eldorado, a mais recente. Falando sobre o sistema, vale lembrar que a primeira FM comercial do Brasil de que se tem notícia foi a Rádio Imprensa do Rio de Janeiro, no início da década de 1960. Todavia, em 1958, a Rádio Eldorado de São Paulo foi inaugurada operando em Ondas Curtas e Frequência Modulada, sendo que o sistema FM era utilizado de forma experimental, apenas musical, portanto fora da faixa comercial, sem incluir propaganda na programação.
Por Zadir Marques Porto
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Na Princesa, toda Sexta tem Cesta!